sábado, 30 de julho de 2011

Dúvida cruel ...


E destas extremas alturas,
Estrelas, pingentes do céu !
Poderiam me dizer, por ventura,
Onde fica o beleléu ?

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Trajetórias (uma reflexão)

Muitas vezes percebemos que, no limiar de uma idade avançada, entra-se num processo nostálgico de vida. Parece que a constatação, da partida de amigos ou pessoas afetivamente importantes para nossa existência, para a tal viagem sem retorno, nos fragiliza. Nosso “bando” diminuiu. Um sentimento nos assola como se estivéssemos nos transformando em “Ets” do irreal, em nosso mundo real. Nossa turma está sumindo ! E nós, o que ainda fazemos por aqui ? E, de repente, a idéia do partir, passa a fazer parte da rotina, como uma tarefa a mais a ser assimilada, cumprida. Observando a trajetória do tempo encontramos da mesma forma, jovens, muito jovens, em franco processo de auto-destruição, como se nada mais valesse a pena. Sem chão, feito plumas levadas ao vento, pelo sabor da degradação humana. E a viagem sem retorno transforma-se, prematuramente, na única saída. São duas situações de tempo, diversas. Na primeira, vidas construídas e estruturadas, cada uma dentro das suas possibilidades, porém longevas. Na segunda, um mundo de possibilidades para o conhecimento, o aprendizado de ser gente, porém desestruturadas, quase nati-mortas. Duas faces de uma mesma moeda : o humano. Talvez, uma questão comum às duas situações : o amigo, a importância da sua presença. Quando nossos amigos partem  fica a tristeza e ao mesmo tempo a certeza de que ao sairmos do individual, abdicamos do próprio umbigo, abraçamos o outro, nos encantamos e nos enredamos em laços vitais para nossa existência. Seguimos em frente . Quando não os temos, os amigos, a solidão dói feito faca amolada que corta todas as possibilidades, a própria vida. Talvez ainda tenhamos tempo de fazer a diferença. Pode existir alguém por perto, ou longe, esperando nosso entendimento e acolhida.

Ciclos...


A vida sempre será assim: um ciclo. Considero que as pequenas saídas, idas e vindas que todos damos, que nos atingem, são um exercício que temos que fazer porque sempre estaremos assim: indo e vindo, chegando e partindo, aumentando sempre mais os percursos e  descobertas. Precisamos crescer, conhecer e inventar novos ciclos.

...um bordado permanente !

Nos acostumamos a costurar
os bons retalhos da vida com longas linhas de saudade
e quando percebemos...puf !
A saudade virou um bordado permanente !

Eternidade...

Quem sabe eternidade seja o tempo todo, todo o tempo,
deste tempo que vivemos e desconhecemos, ao mesmo tempo ...

Medidas

Já passa o sol na medida da tarde,
e um  certo escuro adentra a curva da esquina. Quem me dera saber certa luz,nos olhos daquela menina ! Mas na quadra caminhada destes andares do mundo,não se acresce sequer um segundo,na história que vai escrita. Nem nos passos daquela menina,nem nos olhos da noite chegada. E quem me diz da medida da vida ? Do início, do meio e do fim? Ora, pergunte ao autor ! Ele inventou cada dia, desenhou menina e flor. Quem sabe a medida da vida, seja a medida do próprio amor.

...disse o verbete :


Mas...de repente subiu-me uma certa sensação de sufocamento

entre  letras, páginas e tantas histórias.

Preciso de ar.  Abram as páginas, por favor! Quero voar...

...ferida

A dor da indiferença é como salgar uma ferida aberta: Queima as entranhas silenciosamente e deixa um gosto inconfundível de solidão,
cicatrizada n'alma.

...quase utopia .

Um bocejo de tédio,
abre a boca da noite que reside em mim.
De soslaio, rançoso...
jogado de lado, feito batom borrado,
no rosto da dama esquecida,
(nas esquinas da vida)...
Na asa quebrada de um querubim.
Tempo sobre o tempo, repetido.
Como cópia em papel carbono,
revela o mesmo risco do outro lado.
Cada marca,
a rotina de um abandono cansado.
Inércia que prende os pés.
Um visgo de sombra se agarra em mim...
As meninas dos olhos se escondem no frio azul da retina.
Velam meu sono-sonho.
Um sonho doido de todas as cores...
De dentes brancos, num sorriso largo,
de espaço cercado,
no redondo abraço de tantos amores.
Não acordo na hora marcada.
Engano o anjo, me fingindo estrela.
Nos fios de algodão das nuvens,
amarro o brilho...da vida sonhada.

Os pássaros ...



                     Era uma vez dois pássaros que nasceram juntos. Um  o que “bica” (nossa linha de frente) e o outro, o que observa (nossa alma).
                     A passagem do tempo e as circunstâncias da vida, da história de cada um, fazem com que eles se afastem um do outro.
                     E, de repente nos perdemos em nós mesmos, na histeria da pressa do cotidiano. Bicamos, bicamos o tempo todo, ininterruptamente, frenéticos e perdidos.
                    Os pássaros tem a necessidade um do outro e nós precisamos tê-los juntos, dentro de nós, a casa original. Bicando e observando a cada dia. Descobrindo os novos caminhos, as diversas possibilidades de viver em plenitude.
                    Mas é preciso saber ouvir o que os pássaros tem pra falar.
                    Ouvir o silêncio entre cada suspiro!
                    Esvaziar-se numa pausa e encher-se de silêncio.
Transformar tudo em energia positiva e crescer.
                    O silêncio é uma benção. Ele nos permite ouvir a imensidão de Deus, da vida. A linha do horizonte de cada criatura, onde o céu e o mar tornam-se uma coisa só.
                    Um encontro de azuis de águas e céu num momento mágico. Um abraçando o outro escutando o barulho das águas dançando num chão celeste de estrelas.
                    E já não existem lacunas, mas uma criatura inteira, pronta para o “pulo no escuro” de surpresas da plenitude da vida.
                   Vida repleta de tantos outros pássaros que voam ao nosso redor e que tem tanto a nos dizer.
E como é importante ouvi-los! Senão perdemos a chance de conhecê-los.
                   Juntos é mais fácil exercitar a conjugação de três verbos essenciais: ser, conhecer e experimentar.
                   Viver um pouco de cada um o tempo todo na busca do equilíbrio ideal na arte de viver, transmitir , construir conhecimento, enredar-se nos laços da paz.

Por um lapso !

Eu mesma em duas. De dentro e de fora.
Sou o que sou, nesta viagem por caminhos cruzados.
Passos juntos e separados.
Com muitos e ninguém, entre as folhas caídas nas estações da vida!
Tantas consciências, que sendo únicas, jamais serão iguais a minha.
E ele estava lá. Só, altivo, com seus trapos e panos encardidos,
no abandono de todos os dias.
Um rei e seus súditos de plástico - uma sacola e outra, e mais outra, dentro umas das outras, bem amarradas, com nós por todos os lados,
guardando seus tesouros de sobrevivência: o resto das sobras de comida da mesa de alguém.
Abriu e cheirou desconfiado.
E se lambuzou e comeu com as mãos feito um bicho.
Lambeu cada dedo e sorriu satisfeito !
Limpou-se nos bolsos pelo avesso de sua calça velha,
como se fossem guardanapos de linho !
Do alto de sua dignidade miserável naquele banco de praça,
permitiu-se me olhar com toda a sua indiferença.
Naquele momento não passei de uma inutilidade qualquer, daquela rotina.
Nada mais que um amontoado equivocado de carne, sangue e ossos,
sem valor nenhum em seu reinado.

Quem sabe, por um lapso de tempo, uma inutilidade útil.
Por um lapso de tempo e nem um segundo mais.

...e assim falou João !

Sinceramente, considero que as coisas estão complicadas !

Você viu o Moisés por aí?????

Com tantos rios transbordantes...não duvides se passar uma cestinha boiando! Não duvides do seu conteúdo!

Liga-se a TV, abre-se um jornal, ouve-se uma rádio qualquer e lá vem-me o Egito à cabeça... sete pragas? Creio que multiplicaram-se !

Como se não bastasse todos os cataclismos, deteriorações de consciências aos borbotões, escalada ao inverso dos valores humanos, animais, universais e outros tantos ais , uma praga de asas de todas as espécies "mosquitais" invade o planeta !

Dengue, febre amarela, influenza e até nosso irmãozinho porco diziam, seria vetor da tal gripe suína!!!!!!!!!

Meu Deus ! Quem abrirá este Mar Vermelho de tantas vergonhas e frustrações causadas pelo próprio homem ?

Haverá tempo para que se faça essa nova travessia com os pés enxutos? Ou todos nós temos uma parcela de lama molhada pela cumplicidade, sob os pés?

Valha-me Moisés!

Os santos são de mármore e passa-me um fio gelado na espinha, como gelado é o mármore , provocando-me sem querer uma lembrança apocalíptica.

... assim falou João!

Cavaleiro andante... (para meu amado amigo Gonga que partiu, sem aviso-prévio, e nos deixou procurando estrelas em pleno dia)

 No olhar de horizonte distante,
descubro ruas tortas e nuas.
Planícies de lembranças tantas...
montanhas vestidas de alturas,
calçadas em tuas botas de léguas, meu cavaleiro andante !

Verdes visgos, vórtices, visagens,
Moinhos que rodam ventos de ternuras...
Quereres grudados nas espirais do tempo,
girando nos olhos, na boca,
nas mãos de mel e fel das lonjuras.

Quantas batalhas ainda cingirão teus sonhos ?
Quantos rasgos me apartarão tua figura ?
Nada importa aos guerreiros senão querê-las,
enquanto no olho arregalado do céu que se mira,
houver o brilho daquela estrela .

Dicotomias



Na condição de seres humanos incompletos/finitos e ao mesmo tempo com uma alma infinita, nos acompanha também, talvez até antes do nascimento, uma solidão dicotômica intrínseca.
A solidão do ventre que nos diz que somos únicos e que somente nós poderemos viver nossa vida com todos os seus senões de grande aventura. A solidão que é nossa força propulsora e quase instintivamente animal que nos transforma em gladiadores pela própria sobrevivência dentro desse cadinho em que somos remexidos cotidianamente.
Essa força que nos diz vai em frente, luta, encara os desafios, cai e levanta novamente porque tua existência exige que construas um cerne mais forte muitas vezes, que tua própria crença e conhecimento e nós vamos, feito  lobos solitários, num universo de tantas almas , porém únicos em nossa essência.
E a solidão do afeto, que nos escancara dia após dia, nossa condição de criaturas grupais e extremamente  dependentes da presença, do carinho e do amor de nossos pares. Que nos diz de nossa incompletude diante da existência , de nossa pequenez diante da adversidade, de nossa necessidade de dividir não somente alegrias e conquistas mas buscar o aconchego, a proteção, o teto a mão que acolhe, nos momentos em que nossa finitude e fragilidade nos mostram suas faces.
Nossa existência é assim feito um caleidoscópio de possibilidades e necessidades.
Importa quem sabe, fazer estas descobertas diárias e nessas nossas divisões e subdivisões do humano, tentar construir um infinito vitral amoroso e de paz para todo o universo, enquanto passageiros aprendizes.
Amém!

Sinais

Um ponto de interrogação...
Nada mais que um ponto.
Sem verso, sem parágrafo,
esquecido, sem resposta.

Na fronteira dos porquês,
perdido, sem resposta...

Não me consultaram se estava disposta
a vaguear em sombras,
nas espirais da dúvida.
Fui empurrada, sem constrangimento.
Roubaram meus risos,
pararam meu tempo,
entre reticências... travessão -

Somente um ponto de interrogação.
Sem nova linha, escorregando na horizontal.
Bêbado de perguntas sem respostas,
quase um ponto final.

Para que ?

De que serve cultivar vaidades no próprio umbigo se no umbigo do mundo, milhões gemem de desesperança ?

...insensatez !

Nada do que se pensa, sente, é definitivo.
Como a água que cai nas rochas,
insidiosa, calmamente
e transforma em areia fina,
o que foi pedra imponente.

Tudo o que imaginamos ter é transitivo.
Passeia em nossas mãos,
serpenteando nossas vontades.
Caminha seu próprio rumo,
atravessa o sonho e então,
mente nossas verdades.

Procuramos mais que o instintivo,
o lógico, aquilo que arrasta,
para o sentido de nossos passos,
nossas dores, nosso buscar...
Nos enredamos nos laços,
imprevistos, invasivos laços de amar!

E brindamos à vida !
Ao que temos, sem nunca ter tido.
À surpresa já esperada.
Abraçamos o desconhecido,
com medo da emboscada.
Amamos no mais-que-perfeito,
definitivamente tudo.
Incautos, escancaramos o peito
e transitamos sem nada!

Lados

Meu lado avesso me seduz.
Serpenteia em minhas sombras,
esgueirado em meus portais,
sem se importar jamais,
se me perco ou não, na sua ausência de luz!

Meu lado direito me condena.
Observa...inquisidor.
Cobrando lucidez plena,
controlando descarado cada instante.
Subtraindo meus espaços,
quer ser o meu senhor!

E neste querer-não-querer,
minha vontade ricocheteia.
Bate e rebate em meia-volta-volver!
Confunde, sufoca, esperneia...
Não quer voltar, não quer morrer!

Quem decide o melhor lugar?
Em que lado está a direção?
Descarto o sim, renego o não.
Invento meu próprio rumo, meu próprio chegar.
Ai do tempo perdido, entre o viver e a razão!

Travessia

Por quantas luas tem um coração que passar,
até que aprenda a aquecer suas fibras,
nos sóis que a vida é astuta em presentear ?

Por quantos mares de ressaca,
em tantas águas de tormentas...
E sobreviver extenuado,
não se deixar naufragar ?

Por quantos braços se permitir abraçar,
como peixe que a rede buscou no arrastão ?
Se alargar e dividir...
Em tantas partes quantas forem necessárias,
ao delírio e pesadelo da paixão ?

E chegar e partir...
Tornar a querer e não se ferir ?

Andar em caminhos de não se encontrar,
nem noite ou dia, ou colo algum onde deitar ?

...por quantas luas tem um coração que passar !


Brinquedos

Roda, roda pião!
Tonteia os olhos de quem te fez rodar.
Nas voltas e voltas deste coração,
escapa das cordas que a vida tem pra te enredar.

Gira na roda, menina.
Repete a cantiga pra não destoar!
Cirandeando versos, espalhando a rima,
fugindo do medo de não se achar.

Salta, pula sapata e amarelinha!
Cuidado ! Pisa direito senão pode queimar.
Se ficar de fora, acaba sozinha,
sem graça, de lado, não vai mais sarandear.

No caracol do tempo, imagens embaralhou.
Mãos nas mãos, olhos nos olhos a corrupiar.
Se foram os dias, tudo passou...num piscar!
Desperta, sai depressa a menina
e de mulher então vai brincar.

Clara

Acorda, Clara!
Olha como o dia já vingou!
Levanta, sacode a pasmaceira,
que a noite comprida te presenteou.
...quantos panos, quantas lidas,
a poeira, a casa, o fogão?
E daí, Clara? É sempre assim,
não tem novidade, não!
Põe de lado as desculpas,
dá um jeito de te ocupar.
Afinal, pra que serve teu pão,
café, arroz e feijão?
Comer, sem converter tudo isso
em trabalho e total servidão?
Nem vale a pena, penar,
se nada limpar, clarear bem o meu chão!
Clara, tu estás com manhas,
fricotes, besteiras, preguiça.
Quem passou a vida inteira,
cozendo, esfregando e ouvindo,
como ousa num repente,
sem motivo nenhum, simplesmente,
achar que é gente e faceira,
cantar como quem está sentindo,
afrouxar a corrente pesada?
Ora, Clara, estás danada!
Bota força nestes teus braços,
engole esta cantilena.
Não te compete estar serena,
lerda ou sonhadora.
Teu canto está entre os panos,
panelas, balde e esfregão.
E o que clareia teu rumo
é o lume que arde à noite,
ao lado do teu colchão.
Vamos Clara e sem tempo,
coloca teus pés no chão.

Apenas

Ficar assim, despida.
Liberta, pairando diluída,
na luz, na melodia.
De paz indivisível consumida.

É como soltar os laços tramados.
Transgredir limites programados.
Invadir o espaço acuado,
no proibido, pré-determinado!

Feito essência volátil, intocável,
bailar nos porões do coração.
Sou assim, atrevida, inexplicável!
De amor possuída,
apenas uma canção ...

Totalidade ...

  Limitações e diferenças não podem servir de empecilho ao crescimento e à inclusão.
Cabe a cada um de nós a responsabilidade pela parcela de entendimento e interação, que construirá uma sociedade e um mundo melhores.

Vitral ( para o amigo Luciano Lunkes / Hungria )

O que era inteiro, quebrou, foi dividido.
Como cacos de vidro, partidos, misturados,
coloridos.
Pelo chão da vida espalhados...
Escapou das mãos, entre os dedos mal fechados.
Fugiu das certezas estabelecidas
e rasgou a malha das tramas mal tecidas!

Caco a caco agora reunidos,
na parede sutil do tempo, como um vitral antigo,
celebra em seu desenho, nova luz em travessia,
guiada, regida à distância...que ironia !
Pelas mãos amadas de um amigo.

Simplesmente porque ...

Porque o vento ventou,
a semente voou para um cantinho do chão.
Adormeceu distraída, nem percebeu a vida,
que remexia seu ventre e desabrochou docemente
nas pétalas de um botão...

Porque o mundo mudou
nas voltas de cada dia,
a noite abraçou com carinho as horas da estrela guia,
que seguiu clareando o (teu) caminho,
para que não se perca o rumo,
nas poeiras da ventania !

Porque o tempo passou
e embalou canções de ninar em segredo,
acalenta agora os (teus) sonhos...
Num terno e doce aconchego,
murmura manso e diz,
para que tudo seja vivido,
sem o medo de ser feliz !

Fronteiras

O pensamento de inclusão no mundo cresce e amplia-se na mesma medida do limite imposto por nossas fronteiras de ignorância e preconceito.

Por amor...

Por amar, só por amar,
suspiro dias de solidão.
Estanco o choro, me converto em riso,
canto uma suave canção.
Só por te amar,
se for preciso...

Por amor, só por amor,
sigo teus passos enternecida.
Persigo quieta minhas trilhas, minha vida.
Esqueço tudo, seja o que for...
Só por amor,
por teu amor!

Mesmo que o tempo negue
e a mão despetale a flor,
serei presença, sombra e luz...
Como música que vibra leve !
Por tanto amar,
tão louco amor.

Retratação


Aos abaixo (lá de cima)-relacionados um pedido de desculpas :

Teresa ( a de Ávila);
Terezinha ( a das rosas );
Miguel ( o Arcanjo):
Bento ( o monge);
Jorge ( o guerreiro);
Espírito ( o Santo);
De Lurdes (a Mãe);
Aparecida ( a Mãe);
De Deus ( a Mãe);
Cristo ( meu Irmão);
Deus ( meu Pai)...

  Por minha miopia e ignorância, meu medo assustador "nãoseidequê", minha impaciência, insegurança, diarréia mental, minha partícula tão ínfima de fé!  Perdão!

Acredito que Vossas Mercês tenham infinitas, já que infinitos são, coisas, situações, desgraças, cataclismos, saias-justas por acudir neste mundão destrambelhado e quase sem conserto, pra tentar resolver...e não ficar perdendo seus tempos e energias com esta que vos fala.

Vivo prometendo a mim mesma um pouco de controle e no mais breve escorregão me esborracho toda e saio apelando aos céus e todas suas hostes!

Perdão por mais parecer uma ameba sem graça do que uma criatura à imagem e semelhança.

Na verdade não colaboro muito com os celestes nem em imagem, nem em ações!

Minha pouca sombra de 1,50m mostra-se deveras condizente com meu interior em sombras...pequeno, pequeno!

Que audácia, não? Movimentar mundos e fundos por conta de um diagnóstico cheio de palavrórios difíceis e rebuscados. Nem um Aurélio dá conta de tantos trololós...


Se ainda possível for, não prometo nada porque com certeza morderei a língua já lacerada,  farei grande empenho em pelo menos efetuar 3 respirações bem profundas e lentas antes de qualquer chilique. Amém!

Escuta

Aprender a pensar
é permitir um exercício de escuta
de si mesmo e do mundo.

Vertentes...

Ah! Destas águas,
o verde olhar.
Sei dos limites,
até onde me é dado ousar.
Mergulho o corpo inteiro
e submerjo nesta correnteza,
encobrindo dores e amores!
O mar, o mar...

Passeando em vagas,
ondas imensas quase afogando.
No rolo branco das espumas,
sentimentos, pensamentos,
entrelaçados muito além das maresias,
...vagueando,
perdidos em densas brumas.

Ah! Destas águas o verde,
olhar!
Como náufrago errante,
me perder e me achar.
Em seu semblante navegando
e amar, amar...

Inquilina

Tua ausência passeia em mim,
afoita, descontrolada!
Me desnuda a alma,
desgoverna a calma
e me deixa assim,
desarrumada...

Ocupa cada vaga do meu dia,
cada hora,
toda a moradia.
Invade o berço, meu coração...debochada!
E fica alí deitada,
feito inquilina vadia.

Sai, vai embora!
Quero minha paz roubada.
Leva teu único pertence - a saudade.
E devolve logo,
a presença amada.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Anjo

Era uma música suave,
suave como os bons sonhos que acontecem.
Do hálito perfumado das flores entrelaçadas,
vertia um doce licor de almas apaixonadas!
E me embriaguei e rodei, rodei na dança!
E voei, voei nas asas de um anjo que passava,
distraído pelo olhares de ternura, embevecido!
Percebi a luz, lânguida luz luzente de dentes em sorriso...
Fiquei alí, flutuando, embalada em braços de carinho,
aconchegada e sem querer, solta.
Enternecida em tantos abraços como se fossem ninhos...
E estavam todos ao meu redor!
Eu, enrodilhada na trama de tantos afetos.
Entre muitos e ao mesmo tempo, sozinha...

Anjos também passam e levam em seus braços alados,
nossos suspiros e amores inacabados!

E assim voltamos e retomamos os passos,
de buscar na  melodia da vida,
o que ainda não foi encontrado.

...perceber !

As pétalas de uma flor
são uma das formas
mais eloquentes de
manifestação da
delicadeza de Deus.

"Nada te turbe, nada te espante". (Sta.Teresa de Ávila)


Sinto que a efemeridade do tempo e dos acontecimentos,
me trazem a dureza de minha própria condição efêmera...
Quem sabe também andante, caminhante...
E me invade uma tristeza dos que sonham demais, esperam demais, pensam demais.
A loucura dos coloridos de arco-íris em plena tempestade !
A nostalgia de três tendas que precisam sempre descer a montanha.
Mas a palavra dada é como a pedra do alicerce
em que se apóia até mesmo o efêmero das coisas.
E me sinto um pouco pedra, outro pouco pó.
Espero o vento das bem-aventuranças e quem sabe
possa eu voar doidamente então, feito um tornado  inverso
e dançar a dança do tempo misturada ao pó brilhante das estrelas.

Primavera extemporânea ...( amigo de sempre, com cheirinho de melancia, L'aqua. Pedro Spohr !

Como de outras vezes,
te trouxe comigo,
amado amigo.
Talvez não como de costume.
Um pouco mais...
Trouxe teu perfume!
Dos sorrisos das bocas,
nos abraços de não querer sair,
ficou colado nas roupas,
(invadido, teimoso)
como flor a me seguir !

Céu no chão... (para Zoé Degani e sua arte)

Existem lembranças de rosas vermelhas, aprisionadas em gelo...
Encarceradas na transparência ardilosa da água fria.
Estilhaçadas na força do gesto derradeiro,
Libertas das armadilhas de uma Babel que nos reuniu um dia!
Vaga o tempo das imagens, dos risos rasgados, dos momentos cansados de tanta agonia,
de euforia...
De um abrir e fechar cortinas bêbadas.

Existe a beleza da alma encarcerada em carne e ossos,
Que se esguelha por entre olhos, entre dedos...
Entre a mãe e a cria.
Gerando o espasmo contemplativo da obra parida!
São momentos de sal e mel.
Veste-se de azul o concreto,
pela força da criação.
Nos embebeda o olhar, um céu...aqui no chão!

Perdas...

Perdas sempre serão perdas. Umas provocam fissuras, outras, fendas abissais.

(silêncio)

Uma lacuna plantada na ausência de palavras...
Um calafrio que transpassa a alma.
Um não-sei-que de nada!

O silêncio calado da boca amordaçada,
pela dúvida, pela mão que aperta e estrangula a fala.
O silêncio dos olhos (baixos), da visão embaçada.
O silêncio das mãos (paradas), abandonadas
ao longo do corpo - berço que já não embala.

Só o silêncio...

Algoz de meus falares em desvariu.
Carcereiro dos sonhos acorrentados da paixão.
Meu silêncio - como abandono de quem partiu.
Teu silêncio ... minha solidão !

Razões de anjo ...

O anjo da asa torta
Passou por aqui, voando baixo.
Parecia perdido numa pressa desavisada
De quem esqueceu o entendimento do voar.
Caiu pra lá, caiu pra cá
Sacudindo seus cabelos de cachos
Como se pagasse promessa
De nunca mais se atrasar.

Calma lá, meu anjo estouvado !
Onde pensas que vais chegar ?
Correndo assim descuidado
Acabarás por te machucar !
Não carece num atrapalho
A outra asa entortar.
Ficarás cansado e caído
E por ninguém mais poderás zelar.

Descansa um pouco no algodão da nuvem.
Sonha também um tantinho, na curva do luar !
Anjos às vezes precisam de anjos,
De colo, de abraços e quem sabe...
De insofismáveis razões para voar !

Sopro



No silêncio da ternura e da delicadeza,
o gesto Divino e avassalador, que constitue
suas essências !


Teimosias

Quando a alma cala
nos desvãos dos dias.
Quando não devias
mas a boca fala,
coisas de quereres deixados, abandonados, sufocados...
Como dói... feito lâmina amolada
nas impaciências da vida !
A garganta sufoca espremida
e o olho transborda a lágrima furtada.
A que vem contrariada,
plantada num jardim de lembranças alquebradas
que te carregam em seus braços cansados.
Quem sabe, não mais lembranças...
Apenas teimosias vãs, vazias de tudo.
E o sentido daquilo que se quer,
perde-se bêbado em espirais tortas, mudo.
Querer e querer novamente
nem que seja a imagem impressa
que me sorri na retina seca,
filigranada em linhas que se desfazem lentamente.

...qual Phoênix !

...a liberdade maior,
ultrapassa qualquer entendimento.
Um misto de luz e poeira de eternidade !

Tempo e espaço ...

... o tempo suficiente de um respirar
E ele escorre inabalável por entre os dedos!
Entre olhos, entre braços, entre mãos,
Faz e desfaz laços, fixa imagens, o pensamento.
Reduz abraços a olhares de distância...
O inexorável tempo!
Chega brisa morna e parte vendaval.
Deixa misturados pedaços de "quereres e ficares",
Leva consigo perfumes e deixa partidas doídas.
...um quê de perder direção
Um ai de dor do vazio,
Um silêncio de velha embarcação no marasmo do estio.
Estou estanque e só sei que estou, porque respiro!
E o tempo passando lento, lento nas linhas cruzadas de nenhum pensamento.
Inércia...do vagar de passadas trôpegas, bêbadas de abandono e
somente um sono.
Um sono de não querer acordar e encontrar tudo no mesmo lugar.
Quem sabe um sono de não acordar e então abraçar mil braços,
...numa infinita cantiga de ninar.
E embalar o tempo para que ele fique, sem a hora de separar!
Aqui estou. Quieta, olhar longínquo de buscar horizonte,
Disfarçado atrás de uma lágrima contida
E que agora furtiva teima em embaçar imagens. Tão fluidas e silenciosas
Como as linhas do tempo que teimosas,
Me remetem muito além do espaço que meus braços podem abraçar.

...pés no chão !

 A busca dos sonhos deve ser tão real e palpável que nos permita sentir a aspereza do chão sob nossos pés.

Colo

Por teus braços estendidos
e por mim não percebidos,
na minha insensatez...
Acolhendo como a areia do mar
as conchas que as águas deixaram,
para buscar outra vez...

Por despencar de agonia,
em meus cruzados caminhos,
arrastando pensamentos,
ferindo em meus próprios espinhos.

E sequer entender que ternura
na ausência também permanece,
como gesto de constante doçura!

Perdoa e se puderes esqueças,
estes senões de quem ainda não cresceu.

Se quiseres, descansa...
Como descansa a criança,
em meu colo, amigo meu!

Conjectura

Amigo,
também é paixão!
Talvez melhor
que outra qualquer.
Não me tem por possessão
ou porque sou mulher.
Acolhe, estende a mão,
...apenas me quer !

Minha voz... (partituras do tempo)

Minha essência sonora e articulada.
Indiferente às minhas razões, pudores,
treme e tropeça, engasga e atropela
...denuncia meus humores!
Cúmplice astuta, silenciosa.
Observa quieta meus movimentos,
disfarçada de preguiça em tarde mormacenta,
escondida em meus interiores,
espera a hora exata, o momento.
E mesmo que a boca prenda,
a língua estanque, os dentes cerrem,
dispara feito um raio com direção certa,
escapando zombeteira, de mãos dadas
com as meninas de meus olhos.
E eles falam de mim !
Ah, esta voz inquieta...
Viaja em meus caminhos o tempo inteiro.
Vira e me revira, fala pelo cotovelos!
Balança meus pés, impaciente.
Dança pelos meus braços e foge pelas mãos,
querendo justificar, ser convincente!

Certa canção de ninar que não tive,
acalma meus versos, esta voz codificada.
Em melodias cantada, descansa na alma a leveza de ser.

Assim tão forte e guerreira,
tão frágil, passageira...
Esta voz, minha companheira!

Com a alma na boca !

Um recanto de palavras. Sim, palavras de chegada e partida. Alma que fala pela boca, olhos que viajam distâncias que possam ir além-horizontes.
Horizontes do pensamento , da busca pelas rimas que  aproximem os mistérios insondáveis do tempo, do divino e do humano.
Palavras que trazem e levam consigo o respirar de sonhos, o descobrir idéias, o pulsar vontades.