quinta-feira, 28 de julho de 2011

Trajetórias (uma reflexão)

Muitas vezes percebemos que, no limiar de uma idade avançada, entra-se num processo nostálgico de vida. Parece que a constatação, da partida de amigos ou pessoas afetivamente importantes para nossa existência, para a tal viagem sem retorno, nos fragiliza. Nosso “bando” diminuiu. Um sentimento nos assola como se estivéssemos nos transformando em “Ets” do irreal, em nosso mundo real. Nossa turma está sumindo ! E nós, o que ainda fazemos por aqui ? E, de repente, a idéia do partir, passa a fazer parte da rotina, como uma tarefa a mais a ser assimilada, cumprida. Observando a trajetória do tempo encontramos da mesma forma, jovens, muito jovens, em franco processo de auto-destruição, como se nada mais valesse a pena. Sem chão, feito plumas levadas ao vento, pelo sabor da degradação humana. E a viagem sem retorno transforma-se, prematuramente, na única saída. São duas situações de tempo, diversas. Na primeira, vidas construídas e estruturadas, cada uma dentro das suas possibilidades, porém longevas. Na segunda, um mundo de possibilidades para o conhecimento, o aprendizado de ser gente, porém desestruturadas, quase nati-mortas. Duas faces de uma mesma moeda : o humano. Talvez, uma questão comum às duas situações : o amigo, a importância da sua presença. Quando nossos amigos partem  fica a tristeza e ao mesmo tempo a certeza de que ao sairmos do individual, abdicamos do próprio umbigo, abraçamos o outro, nos encantamos e nos enredamos em laços vitais para nossa existência. Seguimos em frente . Quando não os temos, os amigos, a solidão dói feito faca amolada que corta todas as possibilidades, a própria vida. Talvez ainda tenhamos tempo de fazer a diferença. Pode existir alguém por perto, ou longe, esperando nosso entendimento e acolhida.

Um comentário:

  1. Oi Rosa, bem vinda aos blogueiros é um mundo sem fim e de qualquer forma tb uma vasta solidão visto que escrevemos a sós recebemos lindos comentários tudo a distancia, pessoas lindas espalhadas por este mundo fazendo contato apenas virtual.E como dizes e muito bem: " nosso bando diminuiu" temo pelas crianças que estão vindo. Vamos procurar ao vivo e a cores os que estão por perto.
    Muito bom teu espaço, teus poemas, parabéns

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